Minos de Creta

uma melancolia lacônica engole meus olhos, derrete minhas pupilas transformando-as gotas de plástico, remela negra e ácida, rasgando as bochechas, pingando na língua um sabor plúmbeo, mas leve. Com os dentes eu mastigo as pedras plásticas e vou dando forma à elas, forma de saudade, forma de medo, forma de solidão. O sabor se espalha e desce pela garganta como uma fumaça de algum cigarro nojento recém pisado por um cachorro, que ainda mantém a brasa morrendo num ultimo tom alaranjado. Uma urbe se forma entre uma salivada e outra, cheia de micro-habitantes revoltosos com a incapacidade de construir uma sociedade que suporte tamanho ego. Um ego tão ignorante que prefere aceitar tal sabor erosivo do que limpar o catarro com ruidosas escarradas. É então que uma consciência ladra entre as mordidas, e das esculturas de emoção escorrida faço um balão, em um brilho de ébano que nele surge, vejo meu futuro, lento e evasivo como uma enguia entre os corais. O balão estoura e um piche se forma em torno da minha boca, com as gengivas sangrando puxo de volta a borracha, masco até formar uma bolinha sem jeito e entre os dentes avermelhados, miro no fundo do buraco da minha alma. Está lá um cuspe grudento e borbulhante no chão, olhando para mim com aquelas pupilas dilatadas. Estou livre dessa visão medíocre e preconceituosa, com a ponta do sapato esmago este resto de lama viscosa. E sigo.

Loucura - Sempre foi o melhor elogio para o meu ego.

Enterra de 4, quem 60 é rei

Em terra de quatro, quem se senta é rei